Uma explicação linguística para os críticos dos metabloggers


Você, assim como eu (cacófato estranho) já deve ter parado para pensar no porquê dos posts dos metablogs serem tão parecidos para não dizer iguais. Sim, meu leitor, eu também já me perguntei isso. Nunca dei a devida importância nem olhei para isso com um olhar que não fosse o do simples leitor. Isso até hoje.

Você, certamente, já ouviu lá nas aulas do Ensino Médio aquele seu professor falar sobre intertextualidade. Não se lembra? Veja a definição então:

Intertextualidade é a relação entre dois textos caracterizada por um citar o outro.

O fato é que se ficássemos apenas nessa definição, poderíamos reduzir a discussão ao fato de um metablogger descobrir algo e TODOS os outros copiarem.

Leia: Nem tudo é mau quando copiam os posts?

O que eu disse anteriormente também não é verdade. Embora eu creia que haja muito blog por aí copiando o que a Juliana, o Marcos e o Compulsivo escrevem, vemos semelhanças mesmo entre os três blogs citados. Isso é um problema? Não, meu embasbacado leitor. Isso não é problema.

Falo isso embasado no fato de que há diferentes tipos de intertextualidade. A intertextualidade pode ter uma base temática quando os textos apresentam em comum um tema, uma determinada ideologia ou visão de mundo. Também podemos ter uma base estilística, quando o texto apresenta certos procedimentos muito conhecidos em outro texto, como, por exemplo, o emprego de palavras, expressões e até estruturas sintáticas similares. Veja os exemplos abaixo:

Meus oito anos (Casimiro de Abreu)

Oh! que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!

Meus oito anos (Oswald de Andrade)

Oh que saudades que eu tenho
Da aurora de minha vida
Das horas
De minha infância
Que os anos não trazem mais
Naquele quintal de terra!
Da rua de Santo Antônio
Debaixo da bananeira
Sem nenhum laranjais

E agora, quem vai trollar o poeta Oswald de Andrade por ter feito algo praticamente igual ao que Casimiro de Abreu escreveu? Pense nisso antes de criticar posts semelhantes.


2 comentários

A intertextualidade permite a (re)criação artística e a homenagem simultâneas. Caro Professor Bauru, bela colocação.

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oi Bauru

Eu já pensei nesse tema também, na verdade o que ocorre é que eles não são cópias uns dos outros, eles só tratam do mesmo assunto, sendo que cada um imprime ao texto suas opiniões e links que vão deixar o leitor mais informado.

O legal de acompanhar todos é que eles podem se complementar, sempre será um texto diferente, ainda que o tema seja comum. você como professor deve observar isso nas redações que corrige, são escritos sobre o mesmo tema, mas nunca são textos iguais.

A vantagem maior que vejo é que você obtêm maior conhecimento sobre aquele assunto, isso lhe ajuda a tomar decisões e não te deixa tão alienado com uma única visão sobre as coisas.

Quanto ao poema, é por isso que eu prefiro o drumond, não vi nenhum ainda igual ou semelhante a ele? se conhecer me apresente.rs

Um Abraço.

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