Vejo com um sorriso no canto da boca as vociferações do @Cardoso em relação à burrice de alguns leitores dele tanto no Twitter como no blog onde os comentários revelam a dificuldade do “brasileiro” ler (e entender) algo. Pensei em propor um silogismo aqui, mas raciocínio não é algo muito comum para uma geração acostumada a adicionar “amigos” em massa e a reclamar da ausência de álbuns de fotos no Twitter.
Quem reclama da dificuldade de interpretação de textos por parte dos leitores normalmente não corre este risco como leitor. Sofro isso na pele em minhas aulas. Diariamente vejo alunos prestes a ingressar numa universidade escrevendo “derepente”, “seje”, “porisso” ou me perguntando se “aumento” é com U ou com L. É de entristecer. Sem contar os momentos em que tenho de explicar que lacuna é o espaço em branco onde ele deverá colocar a resposta da pergunta. Muitos são também os que dizem que brasileiro não sabe ler. Lê e não entende ou entende apenas o que lhe for conveniente. Raciocinamos como salsas e estabelecemos relações lógicas absurdas para justificar nossos pontos de vista. Lamentar é o que fazemos, bloquear é o que sugerimos, elogiar quem faz bem feito é o que queremos.
16 comentários
Tapa na cara de playboy.
Replygostei, mas penso que radicalizar é perca de tempo, pois na internet cada vez mais a velocidade ganha destaque acima da escrita, logo surgem "seje" "derepente" uma coisa é vc escrever na internet, outra é em uma prova...
Replymas como lí em um blog a pouco tempo, quem perdoa um mal, é pior! (e viva a intolerancia ^^)
Sou crítico de blogueiros que eternizam críticas aos seus leitores, afinal, quem consegue fechar sinapses além do NAUM, tem obrigação de tentar educar silogistas desvalidos.
Replyblogpaedia.com.br, se você observar os posts desse ano verá que invariavelmente o que faço aqui é escrever sobre a escrita. Muitos são os posts sobre qualidade na escrita, sobre dicas de redação e até doutrinários sobre como comentar com qualidade em blogs. Fora isso, trabalho formalmente como professor de Língua Portuguesa. Embora eu também tenha minhas dificuldades, o que vejo é um despreparo enorme nas escolas e uma preguiça até de procurar no dicionário o significado de uma determinada palavra. Falo com propriedade a respeito dos leitores, mas veja que me refiro principalmente às críticas que outros blogueiros fazem aos leitores de seus blogs.
ReplyBauru, o que acho o pior é o fato de 90 por cento daqueles que são albetizados serem incapaz de interpretar um texto.
ReplyTalvez pelo fato de eu não me consciderar tão burro, mas ser incapaz de acentuar e pontuar oque escrevo...ma de qualquer jeito, essses são nossos futuros administradores de empresa, advogados, engeinheiros e professores(conheço uma professora que me perguntou se existia o filme Otelo pra ela fazer um trabalho)são essas pessoas que se acham no direito de chamar o presidente de burroa, analfabeto e exigem que os professores sejam condescedentes com os alunos completamente despreparados que chegam as escolas que repetem em alto e bom som: - Não gosto de ler livro, prefiro um bom filme...
ps: esse pessoal nem corinthiano é. Nôs os maloqueiros somos todos analfabetos queném o Presidente, pra pensar não é mesmo?
Eu naum souu burooo tah?!?!
Reply(O resto do post é meramente ilustrativo para mi, GRATO!)
Tem blogueiro que espalha no twitter que não teria diversão sem os "leitores burros".
ReplyQue bom que temos em nossa sociedade pessoas assim tão inteligentes e competentes para discernir o que é burrice ou não.
Eu, que reconheço minha incapacidade para tal, fico me perguntando...
- será burrice não entender de certos assuntos, em certos contextos?
- será burrice tropeçar na ortografia?
- será burrice a falta de intimidade com computadores, internet e a dinâmica da blogosfera e das redes sociais?
- será burrice utilizar esse meio de uma forma que represente a minha cultura, a minha visão de mundo, só porque isso é rotulado como "coisa de favelado"? E se eu for favelado?
Ouso responder que não, porque nada disso significa "inteligência insuficiente". Talvez ausência de oportunidades - ou dificuldade de aproveitar as oportunidades encontradas, não importa qual o motivo.
Que eu saiba ninguém é bom em tudo (embora alguns acreditem que sim) e a inteligência de alguém não pode ser medida nesse recorte tão superficial que a internet propicia.
Confesso muitas vezes ser surpreendida com certas gozações que a mim soam como preconceito. Porque mesmo que o leitor tenha uma dificuldade intelectual, ele merece respeito - como ser humano e como "cliente" do seu blog.
Continua...
Continuando...
ReplyCerta vez alguém disse que se visse uma página do twitter aberta numa lan house seria hora de deixá-lo. Claro, não vamos nos misturar, né? "Cada um no seu quadrado".
Pra mim, isso é que é burrice: o preconceito.
E acho interessante que ele venha de pessoas que às vezes enchem os seus blogs com coisas que não têm a mínima relevância, mas escrevem bem (às vezes, nem tanto) e por isso se acham superiores que a "reles" população brasileira - que, mostram as pesquisas, em grande parte tem sim dificuldades com a leitura e a escrita.
Eu sei que a queixa desses ótimos blogueiros vai além dos erros de Português. Mas confesso que gostaria que fosse só isso...
PS: Este comentário não se aplica ao autor deste blog, mas ao assunto que ele faz referência neste post.
ÇOU PREDERO E NESSITO DI TRABAIO
ReplyPoisé amigo, as escolas brasileiras estão formando alunos que sabem ler, mas não sabem interpretar o que lêem, alunos que sabem escrever mas não sabem desenvolver um texto minimamente coerente; analfabetos funcionais como se costuma dizer.
ReplyE o pior é que quando surge um professor/educador disposto a lutar pelo aprendizado dos alunos, ele acaba soterrado pela morosidade dos professores pelos quais o aluno passou antes.
Obviamente, tudo isso reflete no que vemos nos comentários dos blogs, no Orkut e mais recentemente no Twitter.
De minha parte, tento ajudar na educação do meu irmão mais novo, pois sinto que a apenas a escola não é mais suficiente.
Eu sinto isto mais na pele ainda quanto mais "chato" um texto menos comentários, ou quando temos saem algumas pérolas, =D lascado isto.....
ReplyO que vejo nesta geração que está na casa dos 14 aos 18 anos hoje, é que eles são infinitamente preguiçosos. Tem preguiça de ler, de escrever, de pensar.
ReplyPra que estudar se tem o Yahoo Respostas, o Google, pra que escrever certinho se eu escrevendo errado ou axim td mdo etd?
Acho que o sistema de ensino de hoje em dia é uma furada e a escola tem uma grande parcela de culpa nisto tudo.
hahaha, demais ter que explicar o que é lacuna. Já passei por situações semelhantes, uma das quais perguntaram "haver" era com "h". Lastimável.
ReplySabe o que é mais engraçado nisso tudo (se é que dá pra chamar assim?). É ser zoado por essas pessoas simplesmente por estudar, ou saber o significado de certas palavras,por ler mais do que a média. Ou seja, por não ser como a maioria.
ReplyFazer um trabalho de forma correta e ter um elogio enquanto todos os outros não o tiveram? Crime.
Ler ficção? Perda de tempo. Escrever?
"O que taaanto você escreve aí?"
Agora, foi convencionado como estudo sério o que se faz para um concurso público, sendo que esses estudantes concurseiros - estou falando dos mais xiitas - ainda são capazes de seguir o mesmo padrão:
Uma vez, um estudante desses me viu com um livro de ficção nas mãos e me perguntou qual a utilidade prática de ler aquilo. Afinal, se não era apostila, ou livro didático, era algo inútil.
Detalhe: o livro em questão era uma edição de contos de Nelson Rodrigues. Literatura!
Como competir com a ignorância quando ela é encarada como um modelo de normalidade?
Muito bom post!
Eu concordo com o que a Flor disse, chamar alguém de burro apenas por essa pessoa não entender sobre um determinado assunto é exagero. Pra mim burro mesmo é a pessoa que não só não entende sobre o assunto como não se importa nem se esforça em aprende-lo.
ReplyE o modelo de escola atual realmente é um lixo. Na ganância de receber recursos pra educação as escolas simplesmente empurram os alunos de um ano para o outro mesmo quando o aluno não tem a mínima condição de ser aprovado, seja por faltas ou por notas. Minha mãe é professora e vive dizendo que não entende como jogam tanto aluno que não sabe NADA (alguns não sabem nem ler ou escrever) pra frente. O importante são as estatísticas de aprovação da rede de ensino.
Zé, não me preocupo demasiadamente com o fato de saber que futuramente eles serem os médicos, advogados e tudo mais. sei que na hora em que a água bater na bunda eles vão correr atrás do que não fizeram. O que é duro é ouvi-los dizendo na sua cara que isso não serve pra nada.O que é legal é anos depois eles voltarem precisando de aulas particulares de Português para concursos.
ReplyFlor, concordo contigo. Superficialidade com rigor gramatical é tão ruim quanto profundidade com demasiados erros de norma culta. Prefiro o segundo, desde queos erros não influenciem no sentido. Meu post de hoje fala bem disso. A pessoa vem, "toma sua sopa e reclama do prato rachado".
Teilor, você toca num ponto essencial. Sabendo que o descaso da maioria dos educadores e do próprio sistema, temos de encontrar alternativas que melhorem o rendimento dos nossos filhos, irmãos, amigos. Faço isso com minha filha. Modéstia à parte, ela fala melhor que muita gente com quem convivo.... e tem apenas 4 anos.
Anderson, quem visitar seus blogs poderá concluir que você não se encaixa na categoria dos "desprovidos de inteligência e senso crítico".
Vivis, como posso discordar de você? Impossível.
Hugo, será que é por causa do vocabulário? Se for, prefiro que não entendam, pois senão teremos de escrever com monossílabos daqui a pouco.
Lucas, acho o Haver menos problemático do que a homonímia... é um assunto que prega peças esse.
Manu, seu comentário renderá um post assim como o da Flor. Futuramente...Beijo, querida.
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