A culpa é do Saramago*


Normalmente, quando um revisor dá seu preço por um serviço, tem de lidar com caras fechadas, bocas tortas e resmungos. Nove entre dez pessoas acham que o trabalho do revisor pode ser feito por qualquer um. Basta o cara saber que “nóis vai” é diferente de “nóis fumo” que já se julga o Pasquale. Rio dessas situações, pois pra cada vez que orcei um trabalho e a pessoa mentiu dizendo que retornaria a ligação, dois novos clientes apareceram pedindo o serviço “pra ontem” afirmando que faltam dois dias para entregar o trabalho/monografia/tese e o professor rabiscou todo o texto. Um bom exemplo é o caso do expert que foi chamado para arrumar um computador muito grande e extremamente complexo… um computador de 12 milhões de dólares. A história eu recebi por e-mail e transcrevo abaixo:

“Sentado na frente do monitor, apertou umas tantas teclas, balançou a cabeça, murmurou algo para ele mesmo e apagou o equipamento. Pegou uma pequena chave de fenda do bolso e deu uma volta e meia em um minúsculo parafuso. Então, ligou o computador e comprovou que funcionava perfeitamente.O presidente da empresa se mostrou surpreso e satisfeito. E se ofereceu para pagar o serviço à vista.
- Quanto te devo? – perguntou.
- São mil dólares pelo serviço.
- Mil dólares? Mil dólares por alguns minutos de trabalho? Mil dólares só para apertar um simples parafuso? Eu sei que meu computador vale 12 milhões de dólares, mas mil dólares é muito dinheiro. Pagarei somente se me mandares uma fatura detalhada que justifique o valor.
O especialista confirmou com a cabeça e foi embora…
Na manhã seguinte o presidente recebeu a fatura, a leu com cuidado, balançou a cabeça e a pagou no ato.
A fatura dizia:
SERVIÇOS PRESTADOS:
Apertar um parafuso……………….……………….….. 1 dólar
Saber qual parafuso apertar………………….………. 999 dólares.”

Algumas vezes é um erro julgar o valor de uma atividade simplesmente pelo tempo que se demora para realizá-la ou pela facilidade, no caso do revisor, que a pessoa tem para corrigir o que foi escrito. Um tweet de um amigo revela em parte o que eu quero dizer.

Revisão

Ninguém sabe quem é o figura no avatar, né, Caio?

O fato é que trabalho com correções de redação para um cursinho e faço revisões de texto de diversos tipos. Ao falar da importância do revisor, encho-me de exemplos da mídia e outros de veículos que deveriam primar pelo uso correto da língua portuguesa.

Exemplo claro de como um revisor é importante ocorreu nesta semana. Interromperam uma de minhas aulas para fazer a divulgação de um projeto de inclusão de alunos no mercado de trabalho. Depois do discurso falso de que tudo seria de graça, entregaram algumas fichas que deveriam ser preenchidas. Veja a imagem da mesma:

carta2 Suprimi o endereço e telefone da empresa é claro.

Se você não viu problema nenhum nela, considere contratar um revisor quando for entregar algo relacionado ao seu trabalho e consequentemente aos seus ganhos. De quem é a culpa no caso da ficha? Certamente de alguma secretária boi-de-piranha.

*Não entendeu o título, clique aqui.


9 comentários

Acho que vc deveria deixar seu curriculum vitae (nome feio e chato) em diversas redacoes de empresas, jornais, agencias e afins...


=D

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Bom, ñ consegui pensar em nada bom para comentar relacionado ao texto, mas me veio algo assim que vi o título, então vou falar!

Caro Saramago, compare meus textos, sejam em Português, Inglês ou Turco (ñ, em Turco ñ!) com o período antes de eu possuir o Virtual Z1, e depois que eu comecei a escrever nele

Todos tiveram uma grande melhora, hoje vejo meus primeiros "posts", e vejo que eram um grande amontoado de resíduos fecais comumente usados como fertilizantes. (me dói admitir que eram uma bosta)

Mas enfim... é isso! (Final significativo não é mesmo?)

*O Corretor Ortográfico do Firefox é Muito Bom!

--
AndersonZ1.

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Pois farei como o colega Anderson, aqui em cima, e irei contra os pensamentos do nobre Saramago.
É verdade que não devemos fazer generalizações, mas não acredito que a internet e seus tantos recursos possam ser os únicos culpados pelos pelas tantas deturpações que encontramos na língua escrita e falada.
Blogs e Twitter, em especial, podem ser de grande ajuda, contribuindo para a melhora da qualidade dos textos produzidos. O diferencial no processo não está no meio, mas como o usuário os utiliza. A leitura sempre foi é ainda é ferramenta essencial para termos domínio no idioma. Um bom bloguista, assim como um bom escritor (e por aí vai), é aquele que antes de outra coisa é um grande leitor. Lendo mais e escrevendo só temos a ganhar (e saber ao final qual parafuso apertar).
Que tem muito material fecal nas redes sociais (e nos blogs), não questiono. Mas não coloquemos a culpa na ferramenta, mas sim na mão que a manuseia.

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Pois é, eu tive um amigo que foi mandado embora da agência de publicidade em que trabalhava porque não via erro nenhum no trabalho dos outros: Era revisor.
hehehehe

Abração do amigão!

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Hugo, já considerei sua ideia mais de uma vez. Uma hora sai da cabeça e começa a tomar forma.

virtualz1.com, eu também sinto vergonha do que escrevia no início. Veja no meu outro blog um textículo que escrevi quando estava na faculdade. É sofrível.

All3X, há leitores e leitores assim como há blog e blogs. É difícil ter material de qualidade na net, pois as pessoas se veem libertas da gramática. Como não serão avaliadas, preferem escrever como se estivessem com os da própria laia.

Amigao, aí não dá né? Pode me indicar se ainda não tiverem nada! Valeu pelo primeiro comentário aqui... pelo menos que eu me lembre.

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Vou confessar, eu não reviso os meus textos. Sim, eu sei, sou um pecador! Você me perdoa, Mestre Bauru? Se quiser apontar erros nos meus textos, fique a vontade. :o)
Mas eu ainda me recuso a usar essa nova reforma ortográfica. :o(

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crazyseawolf, tenho uma preguiça enorme de revisar. Na verdade, tenho um receio enorme de publicar com algum erro. Antes, publicava e depois ficava lendo no post pra achar algum erro. Hoje, demoro dias pra postar algo novo, mas acho que sai mais redondinho. Trabalho, às vezes, por muito tempo num parágrafo e mudo-os de lugar muitas vezes também. Há quem confie nos editores com corretor, mas já tive provas de que eles consideram certo coisas que a semântica reprovaria fácil.

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A maior complicação aí está na maneira pífia de oferecer algo gratuito, mas não ter nada de gratuito, rs!
Está pior que o Edir Macedo falando que eram apenas R$ 120.000,00 para manuntenção do Site.

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Richard, é correto o que você diz. Muitas vezes, pediram-me favores como revisar trabalhos, teses, até livros, mas achavam que aquilo ali era apenas um favor. Cobravam-me como se fosse muito bem pago, mas não pagavam nada. Fizeram duas vezes. Na terceira aprendi a dizer um não tão grande que alguns viraram a cara pra mim. Até hoje não durmo por causa disso.

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