Não procure pelo em ovo, por favor.
Fui quase intimado pelo meu amigo e companheiro de labuta diária, o Cidão, para comentar algumas dicas que ele deu no post “10 sugestões para escrever em blogs” publicado originalmente lá no maluco Crazyseawolf’s blog.
Em seu post, o Cidão diz que “poucos realmente possuem o dom da escrita”. Discordo em termos desse conceito. Durante muito tempo, as pessoas acreditaram piamente na ideia de que o escritor é aquele ser que nasce feito. Basta que ele pegue a caneta para que seja tomado de inspiração e a obra saia de uma vez, pronta. Prefiro ficar com o conceito de Manuel Bandeira, poeta amado pela Priscila Souza. Esse poeta afirma que os escritores não são seres dotados de uma genialidade distante dos outros mortais. Ele afirma que todo escritor é dotado de um alumbramento. Buscando uma definição para a palavra, o Dicionário Informal afirma o seguinte:
É preciso estar atento ao novo
Alumbramento são “experiências que passamos e que parecem não ser "deste mundo". Momentos singulares, impregnados de algo maravilhoso que, de repente, nos toca e encanta. Uma espécie de encantamento faz-nos sentir "estrangeiros" e, ao mesmo tempo, plenamente nós mesmos, totalmente protegidos em algo familiar . Nestes instantes, desembaraçados dos poderes cotidianos, experimentamos uma impressão de extraordinária liberdade.”
No caso da escrita, seria uma sensibilidade diferente para perceber aquilo que ocorre ao redor. O escritor, na minha opinião é diferente nesse aspecto. É aqui que começo a pensar no post do Cidão de forma mais efetiva.
1) Antes de mais nada, saiba escrever e ler
É preciso ter intimidade com as letras. Já falei que quem escreve muito escreve melhor, mas não é possível dissociar a escrita da leitura. Conhecendo por meio de outros autores as possibilidades de construção do pensamento, bem como as maneiras como um mesmo pensamento pode ser expresso, claro que uma pessoa terá mais facilidade para escrever em um blog. Cito, por exemplo, o Contraditorium. Não porque quero um link lá no blog do Cardoso, mas porque ele sabe muito bem organizar o pensamento no texto escrito. Estrutura, vocabulário, conhecimento gramatical, ainda que empírico, são essenciais para quem quer escrever bem. Claro que há públicos diferentes para blogs diferentes, mas a regra é escrever certo e não o contrário.
2) Escreva sobre algo que você conhece
“Nunca escreva sobre algo que você nunca viu ou desconhece.” A afirmação do meu amigo professor de Física é verdadeira. Ninguém deve escrever sobre o que não conhece. Já disse que “morri pela boca”. Me vangloriei certa vez numa aula de Filosofia e “si dei mal”. Sei como estruturar as ideias, mas isso não significa que eu saiba falar de tudo. Isso não impede, no entanto, que você se aventure a escrever sobre o que quer. Uma boa pesquisa, conversas sobre o assunto com amigos no Twitter, tudo isso pode fazer com que você possa emitir uma opinião sobre algo. Eu, por exemplo, já dei dicas de como fazer sucesso, mas me perguntei ao final do artigo se eu mesmo sou um exemplo de sucesso. O Caio Lausi é um bom exemplo que pessoa que diversifica. Ele fala de tecnologia, de carros, armas, Esquadrilha da Fumaça, pensa nos outros e ainda me perturba no MSN.
3) Ao dar uma opinião, forneça elementos
Leia novamente a dica anterior. Acrescento apenas que falar de forma enfática é mais eficaz do que ficar vacilando entre advérbios de dúvida. Vê como o Maluf, por exemplo, sai bem de situações que aparentemente são saias-justas? Fale com convicção.
4) Dê referências, "linke" muito
“Ao escrever sobre qualquer assunto, "linke" outros artigos como referências, para apoiar sobre o que você está discorrendo”. Isso que o Cidão falou é verdade. Ontem, no Twitter, o Hugo Meira disse que sempre ensinaram que ele deveria escrever em 3º pessoa. Brincou, ainda, afirmando que diziam isso por ele não ter credibilidade. Discordo, mas é bom referenciar aquilo que se diz. Exceto aqueles que já publicaram obras teóricas, tratados ou mesmo tiveram alguma sacada genial que resolveu algum problema de muitas pessoas, a maioria dos blogueiros deveria linkar outros textos a partir dos quais eles chegaram às conclusões apresentadas no post.
5) Não copie textos de outros
Nove entre 10 pessoas que mantém algum tipo de site na internet dão como dica principal para ter sucesso com um novo blog a publicação de artigos originais. Entenda como original não apenas aquilo que nunca tenha sido escrito. Este meu artigo, por exemplo, embora baseado na estrutura e conteúdo desse post, acrescenta, eu espero, algo ao que já havia sido dito. Copiar é crime, é feio e queima o filme. Para ver como isso é ruim, basta sentar com a Juliana e ouvir as histórias de plágio que a mesma já viveu. Usar ideias de outros blogs não considero errado, mas além de linkar o original, algo novo deve sempre ser acrescentado. Não me venham falando que a simples troca por sinônimos faz o texto ser original. Eu já vi textos em metablogs que eram cópias de outros, mas apenas por ter uma ou outra palavra diferente já era visto como único por seu autor. “Me engana que eu gosto” é o que eu diria.
Nove entre 10 pessoas que mantém algum tipo de site na internet dão como dica principal para ter sucesso com um novo blog a publicação de artigos originais. Entenda como original não apenas aquilo que nunca tenha sido escrito. Este meu artigo, por exemplo, embora baseado na estrutura e conteúdo desse post, acrescenta, eu espero, algo ao que já havia sido dito. Copiar é crime, é feio e queima o filme. Para ver como isso é ruim, basta sentar com a Juliana e ouvir as histórias de plágio que a mesma já viveu. Usar ideias de outros blogs não considero errado, mas além de linkar o original, algo novo deve sempre ser acrescentado. Não me venham falando que a simples troca por sinônimos faz o texto ser original. Eu já vi textos em metablogs que eram cópias de outros, mas apenas por ter uma ou outra palavra diferente já era visto como único por seu autor. “Me engana que eu gosto” é o que eu diria.
6 ) O que importa é a qualidade
Há algum tempo, minha maneira de blogar mudou um pouco. Isso é, em partes, culpa do editor desse blog. Fui convencido de que fidelizaria mais meus leitores publicando menos, porém melhores artigos do que fazendo três, quatro ou mais postagens no mesmo dia. Muitas vezes, estas nem eram escritas por mim e sim reproduções de piadas e comentários que recebia por e-mail. O fato é que seja pequeno como este aqui ou grande como este que você está lendo agora, conteúdo é primordial.
7) Coloque palavras-chaves
Já ouvi falar sobre criar títulos, subtítulos, deixar algumas palavras em negrito. Gosto do aspecto, embora nem sempre use. O conceito de palavra-chave para indexação pelo Google, no entanto, não sei bem. Quem sabe o próprio Cidão ou o Felipe Xavier queiram falar disso.
8) Revise o seu texto
Repito exaustivamente que um texto não deve conter erros de norma culta. Isso não é importante apenas pelo fato de evitar problemas de interpretação ou deixar o texto desconexo, mas o uso correto da língua portuguesa é importante porque confere credibilidade ao texto. Se no primeiro parágrafo já encontro um “seje” perco a vontade de ler. Na dúvida, consulte este dicionário. Claro que não é desculpa, mas erros que claramente são de digitação devem ser relevados. Eu mesmo já deixei uns dois erros propositais (e mais cinco por falta de revisão) nesse post e acho que ninguém percebeu!
9) Os títulos devem ser interessantes, mas não muito longos
“Ninguém pega mosca com vinagre” diz uma ilustração do livro “Técnicas de comunicação escrita”. Um bom título pode instigar o leitor. Muitos leem por e-mail ou pelo GReader e um bom título é mais um ponto a seu favor. Veja este artigo do blog Fique-Rico para entender a importância disso.
10) Leia muito
Ler muito não só torna as estruturas da língua mais internalizadas como ajuda a memorizar a grafia das palavras. Nunca mais você vai esquecer como se escreve obsessão ou vai confundir viajem com viagem se souber como usá-las. Na pior das hipóteses, ler bons livros vai purificar seu cérebro de tantas besteiras que lemos por aí.
Uma imagem fofa pra agradar aos meus amigos.
11 comentários
Uau! Aprendi mais uma palavra: Alumbramento! Será que eu sou dotado disso???
ReplyEu tinha que te intimar, caro colega, já que você é o especialista na área. No meu post, eu tentei colocar os ítens baseado na minha experiência em blogar há mais de 8 anos. Cometi muitos erros e ainda continuo a errar, mas sempre tentando, pois esse é o caminho.
Quando digo que “poucos realmente possuem o dom da escrita”, é o fato de saber organizar bem as idéias, saber a concordância tanto verbal e nominal, entre outras coisas. Não acredito que um escritor nasce feito, isso é um processo contínuo de apredizagem que determinada maioria carece ter. E você bem sabe que profissionais da área de exatas tem dificuldades imensas neste quesito.
Eu, gosto de ler e escrever, lembro que na faculdade, muitas vezes, eu fazia certos textos de análise e conclusão de experiências para colegas que tremiam só de pensar em escrever uma idéia em uma linha. Imagine em mais de duas páginas.
Ufa... Esse comentário parece um post! Você foi perfeito como sempre!
Só tenho uma coisa a dizer: "Blogar é um ócio muito trabalhoso", mas como todo trabalho que se faz com prazer, extremamente gratificante... E melhor do que blogar é ler bons blogs...
ReplyEste está na medida, prof.
Uau! Na minha modesta opinião, belo post ;)
ReplyAcredito que alguns tem o dom da coordenação das idéias, pois o que é a escrita senão isto, o ato de expressar/coordenar no papel as idéias ;)
Há quem já faça isto naturalmente, mas há também aqueles que aprenderam de tanto ler bons textos, bons livros. Esta é a minha esperança, que um dia eu consiga aprender a coordenar idéias e redigí-las com perfeição, será que conseguirei? :P :o)
E quanto ao termo alumbramento, realmente aprendi mais um e quer saber do mais? Adorei :o) define bem alguns dos meus momentos bem "peculiares".
Cidão, posso apostar que vc tem isto, já vi em alguns textos seus a presença disto :P
Não me vê por lá? Culpa dos feeds :P
Escrever bem vai além de saber regras, é preciso saber como, quando e onde atingir o alvo.
ReplyÉ preciso se fazer entender, o que muitas vezes fica impossibilitado pela preguiça ou até mesmo pelo desleixo, isso pode ocorrer até com o Rogério...
Muitas vezes preferimos deixar o leitor desvendar os mistérios da escrita, é o que ocorre comigo, por vezes....
Antes eu escrevia muito emocionalmente, hoje sou mais racional, talvez esteja ficando mais velho e mais tranquilo.
Sempre busco uma coisa e sempre me pergunto, será que estou sendo entendido? Afinal, qual o sentido da linguagem senão se fazer entender?
Enfim, fico feliz por estes textos do bauru e pelo fato de ter crescido com os contatos na blogosfera.
Abraço!
crazyseawolf, dia-a-dia aprendo novas palavras e procuro dar um uso mais prático do que simplesmente usá-las nos discursos de formatura de que participo. Agradeço pelo convite, meu caro. Perdoe-me apenas pela demora em responder. Creio que já tivesse entendido o que quis dizer com “poucos realmente possuem o dom da escrita”, mas acabei dando um foco um pouco diferente. Isso só prova que a comunicação tem suas nuances que a gramática não desvenda facilmente. Gosto quando você diz "gosto de ler e escrever", pois numa época em que é mais fácil dar RT, pensar em expressar-se pela escrita é colocar-se numa posição que poucos querem que é ser telhado de vidro. Por fim, se o seu comentário parecia um post, o meu é o post do post. Obrigado mais uma vez. Você já sabe que sou fã de seus textos...
ReplyConcordo com tudo que o Cidão e Hugo disse, e claro, você.
ReplyNinguém nasce pronto para escrever, eu me considero um exemplo disso. Não que escreva bem (muito pelo contrário), mas antes do advento da internet, blogs, reader e tal, mal conseguia escrever textos escolares, além do que meu vocabulário era porcamente pequeno.
Mas como tudo na vida há exceções, alguns tem o dom e que produzem textos fantásticos.
Lendo com um pouco mais de calma este artigo, vi a sua incrível facilidade em linkar os outros! E essa prática é ótima, pena que sou péssimo nisso.
Infelizmente nos últimos meses não tenho conseguido escrever o tanto como gostaria e ao ver um texto assim, penso até se devo continuar a escrever como vinha fazendo, ou se devo mudar o foco.
E já que fui convidado a falar de palavras chave, verei o que posso fazer, ok?! ;-)
Abraços
Nívea Maria, você é mesmo uma querida. Mesmo sabendo que deixou o comentário porque pedi pra dar um pitaco aqui (você é tímida, eu sei), é bom saber que tudo aqui ficou certinho. Você já me disse que concorda com o "Blogar é um ócio muito trabalhoso" e concordo que é gratificante também quando temos leitores de qualidade! Beijos.
ReplyKinha, estava sentindo sua falta nos comentários do blog. Obrigado pelo elogio. Concordo que há quem tenha mesmo mais facilidade para escrever, mas isso é algo que as teorias de aprendizagem podem explicar. Há pessoas que aprendem melhor com números, outros com letras, outros com os sentidos. Sempre fui daqueles que aprendiam mais rápido lendo e anotando. O hábito faz o ladrão, dizem, por isso, é sempre bom exercitar a leitura e a escrita. Beijo. Aposto um real que o Cidão tem isso que defini aqui como alumbramento. Estou contigo.
ReplySeu ingrato! Citou vários posts e blogs interessantes e não fez qualquer menção ao seu companheiro de pódio no DB. Pelo visto você já esqueceu os bons tempos de camaradagem.
ReplyFalando sério, cara você foi extremamente feliz nas suas colocações, escrever bem é algo que se aprende sim, e para isso, a leitura é essencial.
Hugo Meira, devemos sim nos preocupar com a escrita, mas essa história de deixar "o leitor desvendar os mistérios da escrita" é conversa fiada para mim. Se queremos ser entendidos, tudo precisa mesmo é ficar claro. Quer apenas a sugestão, esteja aberto às interpretações absurdas que só nos conhecemos.
ReplyExcelente post!!!!! Claro, conciso, um convite ao exercício da escrita!!!
Replyum abraço,
Cássia (@popysp)
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