Vou chutar o balde e ter meu próprio negócio


Ser dono do próprio negócio deve ser bom, não é? Ser seu próprio chefe, fazer o próprio horário, colocar o som que quiser e ainda pregar aquele pôster na parede. Pode ser até aqueles de borracharia. Além disso, você terá garagem privativa e uma geladeira cheia de cervejinhas.

"How...how Brown,/ Acorda sangue bom,/ Aqui é capão redondo, tru/ Não pokemon..."

Quem trabalha por conta própria dobra seus problemas. Não, não dobra, triplica!

Você é o chefe!
Trabalhar por conta própria pode ser bom para algumas pessoas. Para a maioria, no entanto, lidar com todas as responsabilidades que estão relacionadas.

Almoço com clientes
A não ser que você seja um problogger, invariavelmente, terá de fazer reuniões com clientes. Trabalhar com pessoas é difícil. Mexer com expectativas e traduzir o intraduzível chega a ser um trabalho hercúleo. Imagine uma reunião numa agência de publicidade e seu cliente ali na sua frente:
- Bem, a marca ganhará visibilidade a partir do momento em que atacarmos em outras frentes. Vamos criar uma campanha envolvendo blogs, Twitter. - você diz.
- Não acredito nisso de blog. É coisa de desocupado que fica o dia inteiro escrevendo sobre amenidades. Melhor comprar uma página na Veja.
- Taqueospá... ignorante dos infernos!

Reunião com contador
Sim, agora você deverá se preocupar com isso. Pagar para alguém fazer as contas.

Contato com termos como "Contrato Social" e "Cofins"
Preciso falar algo? Todo começo de ano é a mesma pauta nos jornais da tv. O brasileiro trabalha três meses para pagar impostos.

Se o computador der pau é você quem deve arrumar
Tive uma conversa agradável com um rapaz chamado Paulo num desses aniversários a que me vi obrigado a ir. Se você, meu parente, lê isso aqui, não me leve a mal. Quando uso a palavra obrigado, não dou a ela um tom pejorativo. Gosto de ficar em casa e isso não é segredo a ninguém. Sei que minha vida social seria muito melhor se pudéssemos nos teletransportarmos. O tempo gasto para me arrumar, os hiatos durante as conversas, a espera nos momentos de despedida, tudo isso me incomoda profundamente. sempre gostei de chegar cedo em casa, ainda que vá dormir às 4h, gosto de estar em casa. Folga pra mim é ficar em casa. [Trecho suprimido, pois dará origem a outro post]
Nessa conversa, ele, que trabalha na linha de montagem de uma fábrica de carros em São José dos Campos, me confidenciou que estando às portas de se aposentar, não se preocupa mais com o ritmo de trabalho. Se a máquina da seção em que trabalha quebra, ele simplesmente encosta e espera o pessoal da manutenção chegar. Na hora, gerentes, supervisores, fiscais, todos chegam para ver o que está acontecendo. Muitas vezes, ele sabe como arrumar, tem os atalhos para que o problema seja resolvido, mas mesmo assim fica quieto esperando que ela seja arrumada. Você que me lê agora, provavelmente tem um pouco de intimidade com computadores, por isso não teria problemas com esse tópico. Formatar, configurar e becapear são tarefas rotineiras.

Férias reduzidas
Sou um privilegiado. Como professor da Rede Estadual, tenho férias avantajadas. Normalmente começam as aulas no meio de fevereiro e vamos até o dia 10, 15 de julho. Voltamos 28 de julho e vamos até perto de 20 de dezembro. Isso é quase um calendário de parlamentar, mas desconfio que essa quantidade grande de dias é pra compensar o sufoco que passamos. Normalmente, enquanto um profissional começa a ficar cansado depois de três meses de trabalho, os professores já querem férias na segunda semana de aulas. [lembrar de escrever sobre isso, Rogério]. Quem trabalha por conta própria não tem esse privilégio. Na maioria das vezes, férias é uma palavra com a qual não estão acostumados. Quando se dão uns dias de férias, levam notebook, palms e outros recursos para continuarem conectados.

Invejo o estilo de vida de algumas pessoas, mas não trocaria minha vida previsível por algo tão oscilante assim. Claro também que o que a maioria ganha em um mês, eu demoraria seis meses para juntar, mas isso são outros quinhentos.

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