Sempre fui assíduo leitor do Jornal Folha de SP. No princípio lia os jornais na versão impressa, mas por falta de tempo (cof $ cof $ cof $) passei a ler apenas a versão on line. Lembro-me, no entanto do prazer que era ler os colunistas desse jornal: Matinas Suzuki, José Roberto Torero, Alain de Boton, José Simão, Gustavo Ioschpe (que deixei de ler quando passou a criticar os educadores de forma agressiva sem nunca ter pisado numa sala de aula de escola pública). Desses que me lembrei, o Torero é o que mais me interessava. Isso porque escrevia na seção de esportes. Santista, abordava com bom humor os acontecimentos da semana e escrevia também textos atemporais. Num deles, fez uma coletânea de seleções a partir de sugestões de leitores. Como da mesma forma que ele, quero emprestar meu espaço no Blogger para que meus leitores se expressem, publico alguns trechos de que me lembro e outros que anotei numa agenda antiga (isso mesmo, escrevi!)
Uma seleção especialista em passes de letra (ao pé da letra)
- Goleiro: Dostoievski. Brilhante exemplo da forte escola russa debaixo dos paus. Com ele, qualquer frango é crime e castigo.- Lateral-direito: Eça de Queiroz. Rapaz magro e de bom fôlego, de modos diplomáticos, ideal para marcar o ponta-esquerda adversário.
- Central: Balzac. Apesar do físico gordo, é o mais indicado para a posição; às vezes falha e comete lances dignos de uma comédia humana.
- Quarto-zagueiro: Jorge Luis Borges. Nada como o refinamento do estilo portenho para a zaga; finge-se de cego, mas enxerga tudo pelos labirintos do campo.
- Lateral-esquerdo: Flaubert. Seco, objetivo e sério, sem firulas nem adjetivos.
- Volante: Camões. Seu estilo épico e aventureiro casa-se bem com a função: tem resistência para suportar os noventa minutos de qualquer partida.
- Meia-direita: Fernando Pessoa. É um pouco tímido, mas consegue driblar a defesa adversária porque nunca se sabe se é um ou vários ao mesmo tempo.
- Meia-esquerda: Shakeaspeare. O capitão do time, um verdadeiro Rei Lear no comando da equipe.
- Ponta-direita: Edgar Allan Poe. Joga sempre aberto e inferniza a defesa do inimigo com estocadas rasantes e velozes, tal como um corvo.
- Centroavante: Júlio Cortazar. Sua estatura e seu estilo mágico deixam as torcidas inimigas em polvorosa; inspirou o futebol de VanBasten.
- Ponta-esquerda: Charles Baudelaire. Nessa posição, só mesmo sendo meio maldito para encarar o métien
Uma seleção de citações
Aqui, uma seleção de frases que encaixam-se perfeitamente em alguns jogadores que desfilavam (e desfilam) pelos nossos gramados.
- "Todas as contradições estão no homem." De Machado de Assis em "Esaú e Jacó", e dedicada Marcelinho Carioca:
- "Dentro de nós tem uma coisa que não tem nome. Esta coisa somos nós." De José Sarâmago, no seu "Ensaio sobre a Cegueira" perfeitamente aplicável ao Edmundo.
- "O maior defeito dos homens é não saber limitar suas esperanças." De Nicolau Maquiavel, em "O Príncipe", uma advertência ao Corinthíans.
- "Oh, maldita sede de ouro. A que não impeles o coração dos mortais?" De Dante Alighieri, na sua "Divina Comédia", frase que se pode endereçar de um modo geral a todos os patrocinadores de jogadores.
Por fim, uma adaptação minha para meu time. Para definir Kleber, jogador do Palmeiras, uma frase de Carlos Dummond de Andrade que parece ter sido escrita sob encomenda: "Lúcido cavalo com substância de anjo".
É isso, democratizando este espaço para contribuições de meus autores preferidos!
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