Charge crítica sobre televisão



Televisão. Amada e odiada ao mesmo tempo. Responsável pela diversão da família brasileira e também pela deturpação dos valores dessa mesma família. Vamos à análise:



[CHARGE] TV, Clayton


Mais um vez a mulher é retratada como a doméstica. Numa época em que são celebradas as conquistas feministas, imagens como essa são capazes de fazer uma Dercy debater-se no caixão. Em partes temos o seguinte:

A mulher na charge
Caracterizada como a rainha do lar, a mulher vem retratada como tal. De vassoura e pá nas mãos, lenço na cabeça e um vestido surrado, não mostra qualquer sinal de vaidade. Sua expressão séria denota uma certa indignação frente ao que está sendo dito na televisão à sua frente. Ainda que isso seja verdade, mantém-se impassível.


A televisão
Num primeiro momento, toda a atenção é voltada para o tamanho da tv. Em muitos lares as televisões ainda não são de LCD ou de plasma. Em partes, no caso da charge, esse modelo é coerente com a vida sofrida levada pela mulher. Dessa televisão, saem palavras retratadas como “blábláblá” num areferência clara ao falatório sem objetivo. Interessante é perceber que a “sujeira” é tamanha que a lata está transbordando.


Crítica
A charge, se não me engano, fora produzida na época das eleições. Desprezando o caráter temporal, retrata-se ali um aspecto contemporâneo. Muito se fala sobre a qualidade da televisão brasileira. De tempos em tempos temos pessoas usando a própria televisão para criticar a qualidade da mesma. Ainda que tímida, a crítica feita pelo ilustrador serve de alerta. Numa época em que convivemos com a propaganda eleitoral gratuita, BBB’s, Fazenda e por aí vai a lista do mau gosto, qualquer reação é válida.

6 comentários

Eu entendo que a mulher também está indignada pelo fato de que, mesmo depois de limpar toda a casa, vai ter que limpar a sujeirada que sai da TV, que está transbordando na lata de lixo...

Ou seja, além de zelar pela educação e cultura de seus filhos, a mulher tem o trabalho de filtrar as bizarrices regurgitadas pela televisão e que insistem em invadir o seu lar.

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Já me peguei pensando, Harley, se o ilustrador pensa em todas essas coisas quando faz estes textos. Pode ser que sim, pode ser que não. O fato é que nossa cultura faz com que estabeleçamos associações que permitem interpretações reveladoras. Não havia atentado para isso que acabou de falar. Muito obrigado pelo acréscimo.

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É! Esta claro a cada novo dia!
Sempre vemos nossas criancinhas levando para escola para o parque esta sejeira tremenda, toda novela sempre vem carregada de sujeiras e com elas os "bordões" o qual prega em todo e todos..
Quem não se lembra de Caminho das Índias onde todo mundo aprendeu a falar indiano rsrsrs...

Este é o nosso Brasil esta é nossa televisão com a péssima programação cultural..

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Há salvação, Douglas. Na verdade, dependendo do foco que se dá, até essas novelas cumprem o seu papel, mas são raras as pessoas que conseguem dissociar a imagem construída pela tv da vida real. Aí que está o problema.

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Essa é a segunda analise sua de charges que eu vejo, e nas duas as vezes tu fez um comentario qualquer que me lembrou Robin Willians em "sociedade dos poetas mortos", quando ele manda os alunos rasgarem a primeiras paginas do livro...uma analise matematica, *conceituosa* e fria para definir uma coisa que deve ser sentida e não enterpetrada.
Digo isso, por que a mulher pode ser uma empregada comum. Você disse que a charge é sobre o horario politico. No caso talvez a charge expresse o pensamento das pessoas mais humildes sobre o horario politico, oque é uma verdade.
Como coelcionador de gibi, a minha opinião é que o cara não pensa em todos essas variaveis, ele tem ideias e começa a desenhar baseado em experiencias visuais...provalvelmente é mão do cartunista, ou sua tia, ou mesmo sua mulher se ele for um membro das classes c e d.(eu ia dizer favelado, mas deixa pra lá)

*eu acho que essa palavra não existe, pode me dar um sinonimo?

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Zé... vejo que isso está ficando bom demais. Vamos ao que disse então. Você tem razão quando fala que é uma análise fria. Outras virão na mesma linha. O que preciso dizer, no entanto, é que dentre as possibilidades, esta é uma. Não é uma resposta evasiva, mas entenda que o que quero é levantar o questionamento a respeito das intersecções com outros assuntos. Quem lê uma charge, faz isso de acordo com a vivência que teve. Impossível achar que minha leitura será a mesma que a sua, mas você não pode negar que a maioria vê a charge apenas como desenho. Desprezam o caráter atemporal, crítico, folclórico e principalmente carnavalesco que é o de criticar por meio do riso. Quando falei sobre ser sobre o horário político, baseei-me na época em que ela foi publicada. Antes isso não ocorria, mas principalmente na Folha de São Paulo a charge tem relação íntima com os assuntos do dia. Isso está no próprio Manual de Redação da Folha. Aguarde as outras charges. Segundas e quartas elas estarão por aqui.

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