Análise do verbo “demitir”


Charges envolvendo a Educação são constantemente feitas pelos mais ilustres ilustradores (perdão pela redundância). A imagem abaixo é mais um exemplo disso:

[CHARGE] Verbo demitir
O texto não-verbal

O texto acima, feito por Duke retrata uma situação comum. Todos passamos pelos bancos escolares, mas o contexto de produção aqui é outro. Com o crescente desemprego, palavras antes pouco usadas passaram a fazer parte de nosso cotidiano. “Corte”, “redução de custos”, “redução de jornada”, “arrocho salarial”, “neoliberalismo” e muitas outras.
A situação descrita é a seguinte: numa aula de Português, a professora, presa aos métodos tradicionais de decoreba, pede a conjugação do verbo “demitir”. O aluno faz uma leitura contextualizada do verbo e, provavelmente, da situação em que seus pais podem estar inseridos. Diante disso, traz como conjugação, as declinações de um palavrão. Vemos ainda os alunos uniformizados caracterizando-se, assim, a escola tradicional. Chama minha atenção ainda não haver nenhum livro sobre a mesa dos alunos. Segundo @Jo_Angell, a imagem da professora corrobora com a forma caricata como são vistas: mulher mal-vestida, velha e feia, com claro sinal de cansaço.
Ela ainda traz um livro livro aberto, na frente da classe, que está em fileiras, novamente retomando o tema do ensino tradicional como dito anteriormente.

Crítica à Educação

O aluno, embora tenha ido além daquilo que a professora pediu, mostra certo domínio da língua. Primeiro porque ele sabe que para conjugar o verbo, é necessário fazer uso dos pronomes pessoais do caso reto (eu, tu, ele, nós, vós, eles). Há, no entanto, uma crítica bem humorada quando ele apresenta a mesma palavra em todas as conjugações. Disso podemos entender que, ou ele não domina a língua a ponto de saber as conjugações, ou ele generaliza que a demissão afeta todas as pessoas indistintamente.

5 comentários

Há tempos não ouvia o termo decoreba, que era muito usual na minha época de aluno, do tempo em que era primordial para qualquer discente, saber a tabuada de cor e salteado.

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Olá,
concordo com a @jo_angell sobre o estereótipo de professora. E acrescento: insatisfeitas e reclamonas. Nesses momentos penso: por que alguém fica 30 anos numa profissão reclamando constantemente? Educar é uma bela profissão, que exige dedicação. Sabemos das dificuldades.
Se já conhece o mercado e não se satisfaz, por que não mudar de ramo?
Há pessoas felizes como professor, vendedor, repórter, cozinheiro, guia turístico.
Cada um pode escolher sua profissão e ser feliz. Ao invés de ser aquela professora chata que massacra os alunos.

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A imagem da professora da charge me faz pensar da minha em sala de aula. Eu também sou mal-vestido, feio, cansado e depressivo, devo acrescentar. Isso é a realidade. Por mais que a profissão seja linda, muitos profissionais estão sem motivação nenhuma.
Quanto a conjugar o verbo, a imagem é irreal, pois de acordo com as novas diretrizes do ensino de Português, não se faz mais isso. Aliás, nem se ensina mais o que é substantivo, adjetivo, verbos ou afins. Corrija-me se eu estiver errado. A onda agora é trabalhar com textos. Tenho aluno de 3ª série que nem sabe o que é verbo. Teve um que me perguntou o que significava a palavra renuncia (3ª pessoa do verbo renunciar no presente do indicativo, ele incrédulo me perguntou sobre o que eu estava falando, e emendou outra pergunta: O que é presente do indicativo?)
Juro que eu quis meter a minha cabeça na parede.

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Você tem razão, meu amigo. A onda é ensinar gramática através de textos. Falei hoje numa discussão com um amigo que é possível dar seis meses de aula com apenas 2 textos sem ensinar nada... basta colar uns cartazes, fazer umas dinâmicas em sala de aula e pronto. O mais legal é que estes ganham prêmios da direção da escola. Já passei por situações idênticas nas minhas aulas e ainda tenho de ouvir dos outros professores que meus alunos reclamam que falo "difícil". Claro, não quero que saiam com o mesmo vocabulário com que entraram.

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Apesar da onda ser trabalhar com textos, não é uma realidade generalizada.O que vejo, pelo menos por aqui é que muitos têm dificuldades para se trabalhar dessa forma.Exemplo disso é a provinha brasil que o pessoal aqui fez cursinho e tudo para aprender melhor as diretrizes e os indicadores.Mesmo que o trabalho com textos seja bom, aliás,eu acredito sim, ser o melhor, mas defendo que o conceito tem que ser ensinado.De uma forma diferente, é claro, e pra isso nós, professores, precisamos de criatividade já que há uma gama tecnológica que chega a ser desleal a competição conosco.E mesmo assim, há ainda professores que mal sabem pegar num mouse ou navegar pela internet.Eu mesma vivo ensinando, criando emails pra vários.Bem, só pra terminar, quando falo de conceito, não falo de decoreba ou práticas arcaicas, mas sim que se ensine buscando o equilíbrio entre as duas formas.E porque isso, porque, na prática, professores ensinam de um jeito em sala de aula e na avaliação cobram o tradicional. Falo de uma parte, é claro, e novamente, ressalto que é a realidade que assisto.Acabei escrevendo um jornal. Desculpe-me,Bauru.Um abraço!

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