Cheguei ao promontório extremo do stress


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Cheguei num tal estágio de estresse, meus amigos, que nesta semana perdi a calma duas vezes na escola. Os motivos não interessam, mas isso acabou por me lembrar que me acostumei de tal forma com algumas coisas que elas não mexem mais comigo, a não ser que seja pra causar raiva. Nesse tempo, acabei por ler novamente um texto do Otto Lara Rezende. O texto começava com o fragmento abaixo. Leia-o:

“Acho que foi o Hemingway quem disse que olhava cada coisa à sua volta como se a visse pela última vez. Pela última ou pela primeira vez? Pela primeira vez foi outro escritor quem disse. Essa idéia de olhar pela última vez tem algo de deprimente. Olhar de despedida , de quem não crê que a vida continua , não admira que o Hemingway tenha acabado como acabou. Fugiu enquanto pôde do desespero que o roía – e daquele tiro brutal.”
É realmente um problema, pois de tanto ver, acabamos nos acostumando com as coisas ao nosso redor. Mulheres, lugares, palavras… tudo cai no mesmo marasmo. Mais à frente, o mesmo Otto Lara diz “o hábito suja os olhos e lhes baixa a voltagem.” Se uma criança vê coisas que o adulto não vê, hoje fui criança. Celebrando a entrada de um final de semana memorável, olhei com outros olhos para o que havia ao meu lado e isso me proporcionou uma das experiências mais excitantes dos últimos tempos. Vale a pena deixar de olhar para o próprio umbigo, deixar de encostar o queixo no peito e abrir a boca para falar o que se sente.

3 comentários

"Os motivos não interessam" - Claro que interessam! A grande esmagadora maioria dos seus leitores têm mais de 18 anos.

A verdade é que tem hora que mandar alguém para aquele lugar acaba por ser algo terapeutico...

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Caro Bauru,

Diz o dito popular, no qual acredito piamente, que “O Homem se acostuma com tudo”. Infelizmente, isto é uma verdade absoluta. A banalização dos acontecimentos ruins muito ajuda neste contexto.
Hoje, assaltos, estupros, atropelamentos são vistos tão naturalmente quanto ter fome e sede. No primeiro momento a brutalidade de tais fatos choca, mas depois de tanto se ouvir falar nos ditos, eles perdem a gravidade e passam a ser somente um fato a mais em nossos cotidianos.
E, quanto aos fatos escolares, estes, deixaram a tempos de priorizar o professor :o(
É uma pena que estas coisas aconteçam em nosso dia a dia, não?
Achei muito legal que vc tenha soltado sua criança interior ;o)
Se ela te faz mais feliz, então, VIVA O MENINO BAURU! UuHUUUUUUUU
A propósito, um feliz dia da criança pra ti e pra todos aqueles que não deixaram seu lado infantil (no melhor sentido) desaparecer ;o)
Feliz dia das crianças para sua filha também. Muito carinho, amor, brincadeiras e presentes claro...rsssss
Ah! Publiquei em meu blog um texto de João Ubaldo Ribeiro que me fez lembrar de vc e do Cidão...rssssss....
O Cidão não é da sua área eu sei, mas é um admirador do bom português :o)
Professor sofre não é meu amigo? ;o)
Bom feriado.

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Kinha, nada de libertar o menino não. Na verdade, me permiti fazer algumas coisas que ficava censurando há algum tempo. Obrigado pelo recadinho a minha filha também. Prometo passar lá pra ver o tal post de que falou.

Hugo, apesar de achar que você tem razão, melhor não escandalizar as senhoras pudicas e carolas que me visitam aqui no blog.

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