Perdão, AAffonso, mas bumbum não tem hífen.
Lendo a entrevista com o Cardoso lá no Dicas Bloguer, deparei-me com uma pequena "discussão" em torno do assunto desse post. Qual o termo correto para referir-se aos que têm blogs? "Blogueiro" ou "bloguista"?
Veja o que diz o próprio Cardoso.
Não concordo com tal afirmação. Será que se fizermos uma lista de profissões teríamos que as que são terminadas em "-eiro" tem valor mais depreciativo? Não creio. Lembro-me, no entanto, de outro exemplo: banqueiro e bancário. Aqui o sufixo da primeira confere maior credibilidade, acho. Podemos até acreditar que a opinião do "bloguista" mencionado anteriormente esteja certa se observarmos alguns casos isolados, mas não é regra.
Vamos tomar alguns exemplos bem simples para entendermos um pouco sobre formação de palavras.
Se partimos da palavra banana, por exemplo, para designar a árvore que a produz, usaremos a palavra bananeira; para nomear uma quantidade considerável de bananeiras dispostas proximamente entre si, empregaremos a palavra bananal.
Temos aí o primeiro conceito a ser guardado. Palavras COGNATAS. Esse é o nome que se dá quando palavras são formadas a partir de um mesmo radical. Bananeira e bananal derivam, como vocês todos devem saber, da palavra primitiva banana.
Tomando parte do exemplo anterior, a partir das palavras banana e maçã, que possuem significados distintos, podemos compor uma terceira palavra: banana-maçã, composta das duas primeiras.
A Língua Portuguesa possui esses dois processos básicos de formação de palavras: a derivação e a composição.
DERIVAÇÃO:
A derivação é o processo pelo qual novas palavras (derivadas) são formadas a partir de outras já existentes na língua ( primitivas). Pode ocorrer das seguintes maneiras:
I- PREFIXAL (ou PREFIXAÇÃO) → consiste no acréscimo de um prefixo a um radical. Ex.:
leal - desleal
feliz - infeliz
fazer - refazer
II- SUFIXAL (ou SUFIXAÇÃO) → consiste no acréscimo de um sufixo a um radical. Ex.:
pedra - pedreira
leal - lealmente
cabeça - cabecear
III- PREFIXAL e SUFIXAL → consiste na formação de uma nova palavra a partir do acréscimo de um sufixo e um prefixo ao radical, sem que essa colocação seja feita ao mesmo tempo. Ex.:
leal - deslealdade
feliz - infelizmente
IV- PARASSINTÉTICA ( ou PARASSÍNTESE) → consiste no acréscimo simultâneo de um prefixo e um sufixo a um radical, de modo que a palavra não possa existir apenas com um ou outro. Ex.:
alma - desalmado
manhã - amanhecer
frio - esfriar
V- REGRESSIVA ( ou DEVERBAL) → consiste na troca de terminação do verbo pelas vogais a, e ou o, resultando, assim, num substantivo abstrato. Nos exemplos abaixo, a primeira palavra é a primitivas e a segunda é a formada por derivação regressiva. Ex.:
falar - fala
perder - perda
combater - combate
beijar - beijo
Como última observação, digo que quando o substantivo é concreto, ou quando indica substância, o verbo é que deriva deles. A derivação, então não será regressiva; e sim, sufixal.
Ex: âncora ( primitiva) ancorar ( derivação sufixal )
azeite ( primitiva ) azeitar ( derivação sufixal )
VI – IMPRÓPRIA ( ou CONVERSÃO ) → não se altera a estrutura da palavra. Esse processo consiste na simples mudança da classe gramatical de uma palavra. Ex.:
É assim, seja bloguista ou blogueiro, o importante é não deixar passar a chance de falar sobre o que entendemos.
No próximo post, o processo de formação de palavras por Composição.
Existe sufixo de maior valor?
Veja o que diz o próprio Cardoso.
O termo blog é pejorativo. Não adianta. “blogueiro” também é. O sufixo “eiro” denota trabalho braçal. Sim, “engenheiro” também é braçal, só melhora um pouco quando ganha “eletrônico”, “nuclear”, no final. Não temos “articuleiro”, “periodiqueiro”, “jornaleiro”. De forma subconsciente quando falamos “blogueiro” já nos colocamos em posição de inferioridade, diante do interlocutor (…) Desculpe, pessoal, mas não quero mais ser jornaleiro, eu quero ser colunista. E sou. Ou melhor: sou Bloguista. MANIFESTO BLOGUISTA – CONTRADITORIUM 19/02/2008
Não concordo com tal afirmação. Será que se fizermos uma lista de profissões teríamos que as que são terminadas em "-eiro" tem valor mais depreciativo? Não creio. Lembro-me, no entanto, de outro exemplo: banqueiro e bancário. Aqui o sufixo da primeira confere maior credibilidade, acho. Podemos até acreditar que a opinião do "bloguista" mencionado anteriormente esteja certa se observarmos alguns casos isolados, mas não é regra.
Sufixo? Que diabos é isso?
Vamos tomar alguns exemplos bem simples para entendermos um pouco sobre formação de palavras.
Se partimos da palavra banana, por exemplo, para designar a árvore que a produz, usaremos a palavra bananeira; para nomear uma quantidade considerável de bananeiras dispostas proximamente entre si, empregaremos a palavra bananal.
Temos aí o primeiro conceito a ser guardado. Palavras COGNATAS. Esse é o nome que se dá quando palavras são formadas a partir de um mesmo radical. Bananeira e bananal derivam, como vocês todos devem saber, da palavra primitiva banana.
Qual o nome desses processos?
Tomando parte do exemplo anterior, a partir das palavras banana e maçã, que possuem significados distintos, podemos compor uma terceira palavra: banana-maçã, composta das duas primeiras.
A Língua Portuguesa possui esses dois processos básicos de formação de palavras: a derivação e a composição.
DERIVAÇÃO:
A derivação é o processo pelo qual novas palavras (derivadas) são formadas a partir de outras já existentes na língua ( primitivas). Pode ocorrer das seguintes maneiras:
I- PREFIXAL (ou PREFIXAÇÃO) → consiste no acréscimo de um prefixo a um radical. Ex.:
leal - desleal
feliz - infeliz
fazer - refazer
II- SUFIXAL (ou SUFIXAÇÃO) → consiste no acréscimo de um sufixo a um radical. Ex.:
pedra - pedreira
leal - lealmente
cabeça - cabecear
III- PREFIXAL e SUFIXAL → consiste na formação de uma nova palavra a partir do acréscimo de um sufixo e um prefixo ao radical, sem que essa colocação seja feita ao mesmo tempo. Ex.:
leal - deslealdade
feliz - infelizmente
IV- PARASSINTÉTICA ( ou PARASSÍNTESE) → consiste no acréscimo simultâneo de um prefixo e um sufixo a um radical, de modo que a palavra não possa existir apenas com um ou outro. Ex.:
alma - desalmado
manhã - amanhecer
frio - esfriar
V- REGRESSIVA ( ou DEVERBAL) → consiste na troca de terminação do verbo pelas vogais a, e ou o, resultando, assim, num substantivo abstrato. Nos exemplos abaixo, a primeira palavra é a primitivas e a segunda é a formada por derivação regressiva. Ex.:
falar - fala
perder - perda
combater - combate
beijar - beijo
Como última observação, digo que quando o substantivo é concreto, ou quando indica substância, o verbo é que deriva deles. A derivação, então não será regressiva; e sim, sufixal.
Ex: âncora ( primitiva) ancorar ( derivação sufixal )
azeite ( primitiva ) azeitar ( derivação sufixal )
VI – IMPRÓPRIA ( ou CONVERSÃO ) → não se altera a estrutura da palavra. Esse processo consiste na simples mudança da classe gramatical de uma palavra. Ex.:
Os bons serão recompensados. ( bons = substantivo )Normalmente, a palavra bons é um adjetivo, mas, nesse contexto acima, é substantivo, portanto, é uma derivação imprópria.
É assim, seja bloguista ou blogueiro, o importante é não deixar passar a chance de falar sobre o que entendemos.
No próximo post, o processo de formação de palavras por Composição.
6 comentários
Meu caro, porgentileza, coloque no crédito o link do Nadaver. abraço
Replypor gentileza*...foi mal. Dar mole justamente no seu blog é triste.
ReplyVamos por partes:
ReplyDevo dizer que vc me pegou nessa questão do Bloguista vs Blogueiros, eu até agora achava Bloguista algo mais chique, que dava mais crédito, pq sinceramente, eu ñ gosto de ser chamado de Blogueiro... #preconceito
Bela aula de português, devo admitir de as vezes parecer que eu escrevo bem, eu sou uma negação neste tipo de regra, apesar de sempre me sair bem em redações, provas de Português e afins...
--
AndersonZ1.
Tem gente que pensa da mesma maneira: não deixa passar uma chance de falar sobre algo que entende. Porém, são poucos que tem a destreza e o domínio necessários para se fazer entender.
ReplyVai guardando tudo isso, "Tio"! Quem sabe, num futuro próximo, você publica?
Um grande abraço!
Brilhante iniciativa professor Bauru, esclarecimento muito útil para todos nós blogueiros ou bloguistas.
ReplyÉ como você disse, o importante é falarmos sobre o que entendemos, na dúvida sobre o português, consulte o Bauru. (eu utilizo)
Primeiramente parabéns pelo post. As ideias expressas de uma forma clara e objetiva, faz com que seu argumento seja muito rico e, consequentemente, torna a leitura muito mais agradável.
ReplyAcredito que esse papo que o sufixo dá essa ou aquela importancia para determinada profissão é totalmente algo sem sentido. O que torna uma profissão ser relevante é o próprio profissional. Se a blogueiro, por exemplo, tornou-se algo prejorativo deve-se aos maus profissionais por trás disso. Mudar para bloguista não vai fazer com tais indivíduos tornem-se melhores.
A mudança para melhor, a profissionalização e com isso, a relevância de ser tal profissional deve antes de tudo, começar em cada indivíduo.
Se não, daqui uns tempos, se levarmos como verdade que o sufixo é o que faz alguém ser bom ou ruim, teremos que dar outro nome para quem trabalha com blogs, pois se continuarmos com profissionais que acreditam que mudar o sufixo é o que importa, bloguista será tão prejorativo como blogueiro, ou até mais.
Novamente, parabéns pelo excelente post.
Idenaldo Rodrigues
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