Dias de alta tensão para pais de adolescentes


Tudo bem, não escrever seria penoso... trago a sugestão do Gilberto, enviada por e-mail.
"Esta semana é especialmente difícil para adolescentes, e quem tem filhos nessa faixa precisa ficar atento ao que se passa.
Esta é a semana do Dia dos Namorados, e as pressões se multiplicam sobre a moçada. Garotos e garotas, que já vivem atolados em angústias, são torturados pela obrigação sazonal de ter alguém com quem trocar presentes, jantar romanticamente, dançar sensualmente etc.
Para as meninas, a coisa chega a ser medieval. Assim como os meninos, elas são submetidas àquela pressão diária constante para conhecer - inclusive no sentido arcaico da expressão - e ficar com alguém. É a rotina na escola, no condomínio, em qualquer lugar onde haja amigos e colegas. Mas, enquanto os garotos simplesmente amargam frustrados os seus insucessos naturais diante da mulherada, as garotas são obrigadas a acreditar que o dia 12 de junho tem de ser triste se não forem capazes de atrair um namorado para chamar de seu.
E a pressão aumenta: estamos a X horas do Dia dos Namorados, esta data de importância cósmica, e "ainda dá tempo de conseguir um amor para comemorar", diz a revistinha, lembrando que "nenhuma missão é impossível".
Já é cruel com adultos, imagine então com adolescentes - e crianças, porque já há seres humanos com menos de 11 anos sendo convencidos de que ter namorados e namoradas é mais legal que brincar.
Seu universo turbulento, típico deste período da vida, acaba invadido por questões tão complexas como a perspectiva de uma relação a dois. Para piorar, a visão corrente é a do namoro utilitário. O foco está sutilmente desviado para o ato de ter alguém, e não no fato de gostar de alguém.
Ah, claro, meio mundo diz que não é bem assim, que não tem sentido namorar sem amar, que ter alguém é amar esse alguém etc.
Quando o foco está em gostar, pouco importa se tem namoro, se o beijo é de língua e se vai ter presente no dia 12; não importa o que vão fazer ou não juntos, e sim o que estão sentindo um pelo outro. Esta é a paixão que ensina os adolescentes, que pode levá-los à construção de relações de amor num futuro próximo ou mais distante.
Isso não quer dizer que adolescentes não devam namorar. Se fosse assim, a vigília moral dos pais e avós do passado contra as beijocas e mãos-bobas teria produzido os casamentos mais felizes da história humana, coisa que parece não ter ocorrido.
O importante, porém, é permitir que a experiência do sentimento não seja sufocada por uma relação pesada demais para a idade.
Talvez esta seja a maior ajuda que os pais possam dar nestes dias de alta ansiedade. Ter alguma clareza sobre o que realmente importa no coração da filharada, e ajudar a desfazer essa idéia forçada de arranjar um coadjuvante.

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