Professor é cheio de abandonar o barco


Noutro dia afirmei que esperamos muito dos professores, mas eles não estão dispostos a dar aquilo para o que foram contratados. As reações foram as mais diversas, principalmente no Twitter, mas foi legal saber que uma amiga comentou em sala de aula algo relacionado ao meu texto. Pensando ainda no assunto, vi que esperamos outra coisa além de que o professor goste do que faz:

Esperamos que o professor permaneça no cargo até o fim.

Quantas histórias de professores que abandonaram o barco ao longo de um ano letivo você já ouviu? Pare em frente de qualquer escola pública no período noturno e recolha as reclamações dos alunos. 8 a cada 10 dirão que a rotatividade de professores é muito grande. Muitos professores estão sempre pensando no próximo passo a tomar. Não vejo isso como errado. É preciso ter ambição na profissão, mas antes de abandonar o barco é preciso ter a certeza de que todos chegamos ao porto.

Ano passado, por exemplo, na escola em que leciono, a professora assumiu algumas classes, mas antes de iniciarem as aulas, ela assumiu um cargo de vice-diretora em outra cidade. Com o início das aulas, os alunos foram atendidos por professores substitutos. As aulas foram para a Diretoria de Ensino e não foram atribuídas a ninguém. Isso se arrastou ao longo de três meses e quando uma professora foi designada, já estávamos nas provas finais. Os alunos perderam o ano, foram para o vestibular sem ter tido uma única aula com o conteúdo do terceiro ano e eu tive de ouvir inúmeras vezes que a professora tinha traído a confiança que eles tinham depositado nela. Eu, é claro, calado.

Durma com um barulho desses.


2 comentários

É, não é fácil, mas, salários baixos, aulos que não querem aprender, dificuldades de transporte (muitas aulas em escolas diferentes), carga horária estafante, política de bonificação que penaliza professor que produz, etc, não há tatu que aguente.

De um professor de 30 anos que apesar de na ativa, não aguenta mais! (e ainda tem que pagar 3 anos de pedágio)

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Não há Tatu que aguente. São salários baixos, alunos desmotivados, professores cansados, políticas de bônus hororosas, cargas horárias pesadas e em muitas escolas, gastos exagerados com transporte e etc. Não somos sacerdotes, apenas professores. Não trabalhamos apenas por solidariedade, mas, por dinheiro, para sobrevivência. Que tal trabalhar durante 30 anos e não ganhar o suficiente para comprar uma casa e um carro somente dependendo do salário de professsor? É bem que o Maluf tinha razão durante a popularização da escola no Estado de São Paulo: "As professoras não ganham mal, são mal casadas". Bem eu sou Professor! Que pena que não ter entendido seu recado e durante esses anos de magistério não ter caido fora dessa também.

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