Demônios internos.


No começo dos anos 90, o america­no Robert Oxnam. hoje com 62 anos, era um respeitado acadêmi­co, especialista em história da China e geopolítica asiática. Ele até assessorou o ex-presidente George H. Bush numa via­gem à China. Sua vida privada, por ou­tro lado, era um caos. Sofria de alcoolis­mo e bulimia, tinha crises de amnésia e incompreensíveis ataques de fúria. Deci­diu então procurar ajuda médica. Um dia, viu-se surpreendentemente informa­do pelo psiquiatra de que o tempo de sua sessão havia terminado. "Passei os últi­mos cinqüenta minutos conversando com Tommy", explicou o médico. "Ele está dentro de você e está furioso." Era o diagnóstico: Oxnam sofria de um distúr­bio mental raro, chamado transtorno dissociativo de identidade. Ou, como é mais conhecido, de personalidades múl­tiplas. No caso dele, eram onze. Havia Tommy, um menino de 8 anos, duas mu­lheres, adolescentes e acadêmicos de comportamentos variados. Depois de quinze anos de tratamen­to, Oxnam decidiu expor publicamente seu inferno pessoal. Sua autobiografia, A Fractiired Mind (Uma Mente Frag­mentada), acaba de ser publicada nos Estados Unidos. O distúrbio de Oxnam costuma surgir na infância, em geral causado por uma experiência traumáti­ca. Enquanto é estuprada ou espancada, a criança pode imaginar que é outra pessoa. "O distúrbio surge quando, nu­ma situação desesperada, a pessoa sen­te que perdeu o controle sobre o próprio corpo e luta para manter, pelo menos, o controle da mente", disse a VEJA o es­pecialista americano David Spiegel, da faculdade de medicina de Stanford. No livro, depois de deixar que cada perso­nalidade dê sua própria versão, final­mente é possível conhecer Baby. É ele quem revela que Oxnam foi sexualmen­te abusado quando era um garotinho — seria a explicação para seu estranho dis­túrbio. O longo tratamento permitiu-lhe livrar-se de muita gente que vivia em sua cabeça. São agora apenas três — Bobby, Tommy e Wanda —, além, cla­ro, do Robert original. A personalidade que assume com maior frequência é Bobby, garotão que anda de skate no Central Park, em Nova York. 'Bobby passa de quatro a cinco horas passean­do com seu skate", diz Oxnam. "Mas ele tem 20 anos. Eu, que tenho 62, é que sofro no dia seguinte."
P.s.: abaixo, você encontra um resumo das múltiplas personalidades de Robert Oxnam.

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